por Hugo Sampaio, em 25.09.14
O navio largou ancora de Lisboa numa manhã de nevoeiro, saiu com uma força rompante em direcção ao mar alto, fez-se com bravura e sem olhar a vozes que o avisavam dos perigos. Largou com a força e coragem de 1000 homens, e com a estupidez e irresponsabilidade de outros tantos.
Em mar alto, no meio de uma tempestade digna das melhores fábulas de seres marinhos que comem barcos e perante as adversidades fez-se um diagnostico ao estado da embarcação.
O primeiro comissário responsável por contratar e colocar os marinheiros nos seus postos, esse que era matemático e possuía uma formula inovadora que se dizia capaz de contratar os melhores e apenas os necessários foi o primeiro a apresentar os seus resultados. Todos aguardavam no convés quando o comissário chegou, caminhando altivo e com uma confiança de ferro, olhou de alto para todos, fez uma pequena pausa para respirar fundo e disse:
"A formula matemática falhou, alguns dos melhores marinheiros ficaram em terra, outros foram limpar latrinas e alguns dos piores ficaram responsáveis pela navegação, o que está feito está feito. Peço desculpa"
O segundo comissário era responsável judicial a bordo deste navio, era responsável por julgamentos, por licenças e por toda a documentação a bordo do navio. Tinha sido incumbido de organizar todos os escritórios e documentos do navio. Aproximou-se do cimo dos degraus caminhando forte, era uma mulher temível.
"Boa noite, a organização dos documentos e dos escritórios correu como planeado, peço desculpa por qualquer percalço mas só perdemos metade dos documentos e não sabemos muito bem onde estão os outros, mas nada de preocupante, estou muito orgulhosa."
Apareceu o comandante para acalmar os marinheiros dizendo que façam o barulho que fizerem nada fará a cabeça destes comissários rolar.
Como é sabido um marinheiro só pode ser pago em rum, nada mais, é a lei, mas dizem certas vozes que quando o comandante era marinheiro recebeu vinho e rum sem nada dizer ao comandante da altura. Ele diz que não se lembra mas só saberemos a verdade quando este navio perdido no mar alto, levado pela tormenta chegar a bom porto.
Por estes dias a má fama calça sapatos de ministro, do primeiro e dos seguintes. A má fama tem a forma de chefe de governo, por vezes é responsável por uma espécie de justiça (ou falta dela) e por outras assume a forma de matemático que não sabe fazer contas.
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